Cuiabanês , estórias e crendices



"PRO CÊ NUM FICÁ VINDIDO"








A


Arrumá - Conseguir algo ou colocar as coisas no devido lugar.







Artá - O altar das igrejas.



Arvoredo- Árvore grande.

“Qüesse calor que tá fazeno, vô armá minha rede embatcho daquele arvoredo”



Assanharado - O cabelo desarrumado, ou formigas em alvoroço fora do formigueiro.

“ Menardo parece que acordô agora, pus o cabelo dele tá tudo assanharado”



Assistí - Morei. Ou abrigar-se na casa de alguém.

“Quando eu fui passeá lá na Piuva , assistí lá casa de Seo Mário”



Atarracado -Abraçado em ato de namoro ou brigas; pessoa
truculenta.

“Belá, desde guri é atarracado”



Átcha-de-lenha- Pedaço de madeira com o qual se acende o fogo.


“Hoje é dia de nós ir lá no Seo Malaquias, comprá umas átchas de lenha”



Até doce!- Algo muito bom.

“Sábado passado, fui num baile lá na Varginha,
emprentei com uma minina bem boniiita!

Depois fui dormir qü’éla, foi tão bão, que tava até doce!”



Até nas grimpa - Bêbado ou muito alto.

“Ontem, Preto tchegô da venda de Seo Tolentino até nas grimpa”



Até no beiço - Copo cheio.

“Entche esse copo até no beiço de catchaça



Até no setenta - Bêbado, de porre.

“Encontrei bem ali, com Luiz-come-vidro , ele já tava até no setenta”



Até tibí- Muito cheio.

“O riberão amanheceu até tibí d’agua



Atrás do cê-Procurando por você.

“ Mas si minina, ontem bati a cabeça a tarde intêro atrás do cê!”



Atroado- Pessoa de gênio forte, ruim.

“Anteonte Seo Cândido tchegô em casa bem atroado”



Atuado - Alguém que recebeu ou incorporou algum espírito ou entidade.

“Semana passada lá no terreiro de Dandí , um Home ficô atuado.

Disque pegô um tal de caboclo tchupadô.”

Foi só moçada que saiu correno de mêdo.”



Atuei- Participei de algum acontecimento, peça teatral, filme, etc... Ou quando um pai de santo recebe um espírito ou entidade.



Auado - Pessoa que não tem conversa proveitosa, pessoa sem graça...

“Tchegô prefessô Fred.
Ô sujeitinho auado!”




Aufa - Bastante, muito.

"Ontem teve comício da UDN teve aufa de gente"



“Hoje bem cedinho, eu vi aufa de pomba-trocá, assentá lá nas árvores do quintal de Dona Braulina”



Aviadô - Piloto de avião.

“Seo Joaquim Goulart , foi um dos melhores aviadô,daqui de Cuiabá”





Abanico – Espécie de leque, usado para espantar o calor. Para se refrescar.

“Chia lá , Dona Nhára já  vai sentá na porta da rua prá conversá com Dona Aida.

Elas não largam o abanico, que é prá refrescá”



A luz foi embora - Acabou a energia.

 “Tamo num brêu, faz tempo que a luz foi embora”



Acabô a luz - Acabou a energia.

 “Mariinha num vai mais passá a rôpa, pus a acabô a luz!”!



Acendê a luz - Ligar a lâmpada.

“Gonçalo ocê num vai acendê a luz? Pra enxerga chô caderno, guri!”



AcentaPousa.

 “A rolinha acenta naquele gaio de goiabêra tudo dia”;

 Ou quando se anota alguma coisa.
 “Eu vô levá esta pinga, acenta aí, na mea  cardeneta”

Acordo cô a vó atrás do tôco - Acordou de mau humor.
“Onte nem me atrevi a conversá com meu vizinho, ele acordô cô a vó atrás do toco,
 pudia zangá comigo”.
Acordô com o pé esquerdo - Acordou com azar, falta de sorte.

“Hoje, num vô joga no bitcho, acho que acordei com o pé esquerdo. Pus acabei de pisá numa merda de catchorro”.
 Atcho que hoje vai dá tudo errado pra mim!

Acuá - Encurralar uma presa.
 “Os catchorros vão acuá aquela capivara”

Acuado - Quando o animal encontra-se encurralado.
“Bentinho, jogô tanta pedra naquele pobre gato, que ele ta acuado lá no canto do quarto

Adôbo - Tijolo feito de barro ou com terra socada.
Essa téipa de chá casa ainda é feita de adôbo?”.

Agora de quê? - Exclamativa de interrogação ou de algo que não aconteceu. 
“Disque tá caro fumo no chô Dutra.
Agora de quê?
 Lá é tudo baratinho!”


Agora do que será! - Algo que não pode ser, ou acontecer.

“Óia uvi fala, que Jeca parô de dá”.

Agora do que será!

Ocê já viu algum ex -veado?”



Agora figa! – Exclamação de negação.

Pórva este doce! Disque é feito de feijão.

Agora figa!

Num como esse tróço!



Aguaçu - A palmeira da babaçu.

“As terra que vamo compra lá pras banda de Livramento, é muito boa.

Tá tcheia de aguaçu”.



Agüerano - Como se fosse ave CONDOR esperando a presa morrer, trazendo mau presságio
ou agouro.

“Pára de tirá meu retrato!

 Tá agüerano minha morte!





Aieio - Algo que pertence a alguém a outra pessoa.

“Si minína, num mexe cum coisa aieio”



Ajojado - Junto, muito perto.Abraçados.

“Aqueles dois estão namorano, só vivem ajojado, dia intêro”,



Aloitano - Lidando com algo, ou brincadeira (luta corporal) entre crianças e até marmanjos.

 “Cadê, cumadre Zenaide?

Atcho que tá aloitano cum frango prô almoço, lá na cuzinha”



Alterado – Raivoso.De porre! Bêbado.

“Fulano chegô alterado em casa, e brigô cuá muié”



Altos pirinéus - Em grande altura.

“- Chia lá a pandorga de Janjão!

Tá “nos altos pirinéus”



Alumiá – Iluminar.

“Juquinha, acende essa vela do nitcho de São Benedito, prá pode alumiá melhó a sala”



Amargo Raízes, caules e folhas de espécies (com sabor muito amargo), vegetais que se acredita ter poderes afrodisíacos e medicinais misturados com cachaça. Normalmente toma-se uma “dose” antes do almoço, à tardezinha para se tomar um banho, e uma  antes do jantar para "abrir apetite".



Angu de caroço - Confusão, algo que está embolado.

“O Ex - Ministro Licínio Monteiro, quando ia assistir a uma partida de futebol lá no Dutrinha, do seu time favorito, o Operário Várzea-grandense, não podia olhar para os zagueiros do seu time, que ele berrava lá da arquibancada:

-Essa defesa tá um angu de caroço, num vale nada, tá tudo mundo batêno cabeça”!

Ainda acrescentava:

-Tchuta de bico Tchico, que o jogo vale taça!



Antônio Peteté - Personagem folclórica de nossa cidade.

Durante o dia vivia sentado nos batentes da escadaria da Loja Ayub, na Rua Treze de Junho,
ao lado do Correio e Telégrafos. Sempre com um abanico (leque) nas mãos, espantando o calor. Esperando a hora de soltar o Colégio São Gonçalo, só pra mexer com os alunos daquela Escola.
 Ele dizia:

Só dosto dos minino do Tolégio dos Pade!

-Ele falava dessa maneira porque era meia língua.





Apagá a lâmpada - Desligar a energia.

“Vamo apaga  essa lampadaiada acesa, pus a conta de luz tá vino um absurdo de caro”



Apaga essa pena – Desligar essa torneira.

“-Si minina apaga essa torneira”! Larga de desperdício de água.



Apartá - Quando dois cavalheiros vão separar duas senhoritas que estão dançando juntas em um baile.



Apurado - Com pressa, ou com muita vontade de fazer necessidades fisiológicas.

 “Abre a porta dessa privada.

 Depressa!

 Que eu tô apurado”.



Arca caída - Mal que ataca as pessoas, na região do tórax, para se curar leva a pessoa
numa benzedeira durante três dias. Só se pode benzer antes do sol se pôr, nunca à noite.



Arigó de botas - Bobó, abestalhado.

“Nhô Gonçá disque é arigó de botas, mas só aqui no bairro da caixa d’água , ele já emprenho três”



Armadô – Gancho (de metal) ou escapulo para se armar redes.

“Hoje o pedreiro, Seo Pracidino, vem tchumbá dois armadô lá  na varanda.

Que é pra nós armá rede detarde”



Arranjô - Encontrou, conseguiu.

“ Ocê já arranjô namorada?

Se ainda não! Vai num baile lá no Centro Operário, que muié lá tá dano  buso.”



Arregaçado - Acabado.

 “O carro bateu no poste ficou arregaçado”;

 Ou o pênis com o prepúcio abaixado.



Arretado - Fominha por bola (futebol), com muita vontade.

 “Carlos macaco, desde criancinha era arretado por bola.

Só podia ser craque.”



Arroz de leite - Comida típica dos pantaneiros, cozinha-se o arroz no leite puro e acrescenta
uma pitada de sal e como acompanhamento, carne seca frita e mandioca cozida.

 Os pantaneiros comem esse prato no “quebra torto”, é muito sustancioso.


B



Bafo quente- Vapor que sai das panelas, ou pessoa com mau hálito.

“ Si minino larga da tampa dessa panela,

senão a bafo quente vai queimá tudo chá mão!”



Bafulano- Mexendo em alguma coisa.

“Limboso, larga de ficá bafulano nas traia de pescaria de Miroca!

Senão ele fica puto de raiva”



Baguá - O gado quando se perde da manada e se alonga no pasto permanecendo muito tempo sem contato com seres humanos
e torna-se muito bravio.
Também é denominação de cavaleiro destemido, valente, brigão.



Baía- Local com grande acúmulo de água na planície pantaneira; baía de Chacororé e Seá Mareana em Barão de Melgaço.



Baldeá - Carregar algo com baldes ou transportar coisas.

“ Mãe de Nicalo, mando ele baldeá um pouco de areia corrida, da porta da rua, lá prô quintal da casa dele”



Baleia- Transporte rodoviário (ônibus) que circulava
 antigamente, também mamífero marinho.

“Quando nós ia, fazer pic-nic lá praia rica , no rio coxipó, nós pegava a baleia lá no mundéo”



Bambolê - Sandálias do tipo havaianas, brinquedo de aro plástico que se gira em volta da cintura.

“Vai carçá, seu bambolê guri , chô nariz tá escorreno!

Qué fica gripado denovo!

Fea da mãe!”



Bamburro- Lugar muito sujo de mato.

“Seo Didi desde ontem tá prometeno, carpiná aquele bamburro ali do oitão!

Mas ficô só na promessa.”



Bâmo – Vamos!

“Bamô lá no Porto comprá peixe barato compadre?”



Bananinha-de-bolitcho- Expressão usada em jogo de truco espanhol,
desafiando o adversário.
"Truco!
- Quero com retruco bananinha de bolicho, cuspe de tonto"






Banho de acento - Banho em se lava apenas as partes mais íntimas.

“Desde três-anteonte, cua’quela friage!

Que Celinha, só toma banho de acento”






Barrê- Ato de varrer o terreiro.

“Bamô barrê o terreiro , prá nós assá uma carne hoje detarde”



Batchêro- Utensílio usado na encilha de animais (cavalos...).



Batchío- Lugar onde o rio não é muito profundo.

“Vira o leme de chô barco mais pra direita , senão ele fica encaiado ali no batchío”



Batê atrás- Sair à procura de alguém ou de algo.

“Seo Lili foi betê atrás de uma bola de pacu, que tá subino o rio”



Batê biela– Morrer.

“Fulano bateu biela onte”

Ou o motor do carro fundir-se:

“Meu primo Pitu, comeu cabeça de boi e tomou muita catchaça, em pleno meio-dia com o sol a pino!

Num deu ôtra, bateu biela!”





.Batendo na máquina - Datilografando...

“Faz hoora, que Elí ta bateno uma carta na máquina, e nunca acaba”





BatenteDegrau da porta das residências;

 Ou serviço,

“Já vô dormí ,pus amanhã pego cedo no batente”




Bateu duro- Bateu forte.

“Dona Alaíde bateu duro no James, fio dela.

Também, ele não fez a tarefa da iscola”



Bateu na fraqueza - Quando ingerimos uma comida típica muito forte
(ensopadão, caldo de mocotó, caldo de piranha) e gente sente um calafrio e um certo tremor.


“Então falamos que a comida bateu na fraqueza”





BatidinhaCaipirinha de pinga com limão.

“No aniversário de Deoclides de Seo Dió, a única bebida
que foi servido foi batidinha.

Fico quase tudo mundo tchilado”






Beco-do-candieiroBeco localizado na região central da cidade.

“Esse-ostro-dia, matarô três guri de rua, lá no beco do candiêro ”







Beco-do-Urubu– Beco que se localizava ao lado do antigo colégio D.A.S.A. hoje colégio C.E.M.A., próximo ao Hospital Santa Casa de Misericórdia.

“Dona Luiza de Seo Martinho, mudô daqui de perto da caixa d’agua velha, lá pro beco-do-urubu.

Mas é bem longe!”



Beiço Lábios.

“Onte eu vi Betinho até pendurado no beiço de Celinha,
de Dona Leonina.

Disque tão namorano!”









Berne - Larva de mosca em metamorfose.Pode parasitar também seres humanos.

“Os boi lá do sítio do Seo Mané, tão que só berne”

-Também ele num cuida!



Besterento – Quem fala (ou faz) muitas asneiras, palavrões.

“Aquele guri, neto de Seo Cid, a gente num pode nem oiá pra cara dele, que ele já manda a gente toma no cêsso.

Ah! guri besterento.”



Bibico- Espécie de boné, utilizado por militares e estudantes em desfiles.

“Átcho que vai te parada, lá no quarté desesseis.

Pus passo um bando de soldado com bibico na cabeça”









Bica - Local onde se pega água, fonte.
“ Zaramela, pega água todo dia lá na bica do mundéo”








Bicha Verme  ou mesmo que homossexual masculino.
“Tomei lumbrigueiro onte, obrei cada bitha de quase dois palmos”

“Óia vê se cria seu fio como homem.
Larga de frescura qü’ele, senão ele vira bitcha”










Bijiano - Cuidando, observando.
“Seo Cátcho , só vive bijiano as neta dele.
Ele têm medo que elas saiam de casa”








Bijú - Sujeira que se retira das costas com esfregadas bem fortes.
“Quando eu tava, dano banho no Guilherminho, esfreguei as costas dele.
Foi só biju que desprego do côro, do maldiçoado”






Bilhicêra - Dinheiro em pouca quantidade, apenas alguns trocados.
“Seo Antenô!
Me impresta umas bilhicêra, pra eu fazer um jogo de bitcho, ali na esquina”


Bingo - Pênis, termo usado em conversas infantis ou o jogo de loto.
Chia lá!
Nildo já tá, cô mão esfolano o bingo dele.
Êta, guri besterento!”

Biquinha –. Local localizado no terminal rodoviário da Praça Bispo Dom José,( mundéu) onde a população local pegava água nas bicas “torneiras” ali existentes.

BiribaBoné. Também  militar geralmente usado em traje de passeio

Biscate – Prostituta
“ A fia de Sea  Marcolina, fugiu de casa.
Disque, virô biscate.”

Bitcho Carpintêro - Que não tem parada, não tem sossego.
“Eronilzo!
 Sussega ai nessa cadeira guri.
Ocê parece que  tá cô bitcho carpintêro”





Bocaiúva pócaBocaiúva (fruto da bocaiuveira, espécie de coqueiro)
madura muito cheirosa e deliciosa.
“Nhonhô, depois que ocê tchupá essa bocaiúva póca, vai lá na venda
 comprá um  fósforo prá mim”.







Bocó - Bôbo, abestalhado; também significa vagina.
“Ditinha subiu na manguêra, lá no quintal de Seo Adelino.
Ela tava de saia e sem calcinha.
Tudo mundo viu o bocó dela.
Foi só risada.
E ela ficô cô a cara de bocó”

Bocó de fivela - Bôbo, abestalhado.

Bocoió Bôbo, abestalahado.



Bofêra - Pessoa de baixo nível social.
“Eu num vô naquela festa lá na Cruz-Preta.
Só vai dá bofêra”
Boi a Serra - Dança folclórica de rio abaixo, derivado do boi bumbá
do Nordeste brasileiro.
“Sempre na abertura do carnaval de Santo Antônio de Leverger,
 tem o boi-a-serra”






Boi de ócro - Termo pejorativo para pessoas que usam óculos.
“Rosângela veio do dotô, mostrano a novidade na cara dela.
Parecia um boi de ócro.”







Bola - Espécie de veneno usado para se matar cães bravos, é feito com cacos de vidro moídos misturado com uma bola de carneou quando “um currupto” qualquer recebe a “bola”
“Tem uns catchorro, comeno tudo meas galinha.
Átcho que vô dá bola pra eles.
Pus num güento mais criar galinha prá catchorro aiieio comê”!



Bolada - Dinheiro em grande quantia.
“Leônidas foi recebê dinhêro hoje,  lá no banco da Lavoura, saiu com uma bolada”.









Bolindo - Mexendo em algo ou com alguém.
“Mamãe vem fala cô Lizabete, ela ta bolindo comigo”.

Bolir - Mexer com alguém ou com algo.








Bolitcho - Armazém pequeno.
“Wilso vai lá no bolitcho de shô Gonçalo, comprá farinha, e querosene pra pô na lamparina”.





Boquêra - O elástico do estilingue ameaça a arrebentar com pequenas reentrâncias chamadas boqueiras ou quando, no canto dos lábios aparecem pequenas lesões de herpes.

“Esse guri é levado, come de tudo que é porcariada! 
Vive co’a boca que é só boquêra.
Toma disgramadao”.






Bordé - Cabaré, prostíbulo.
“Lá no cabaré de Gino, tchegô umas raparigas novas, goosstooosas, que só vêno”.







Botchêtcho - Fazer gargarejos
“Ocê amanheceu cô áfita na botchetcha, de tanto tchupá abacatchi onte”?
Faz um botchêtcho, cum bicabornato, que logo vai passá!





Botoado - Espécie de peixe que em outros Estados é chamado de “armau”.

Os povo de fora, quando vai pescá lá no rio Cuiabá, eles trazem até botoado, pra comê!
Agora vote!”




 
Breado - Emplastrado de...
“Oramí!
 Vem limpá a bunda de shô fio!
Esse guri tá breado de bosta.





Brêu - Escuro, escuridão.
“O céu lá prás banda do Sucuri, tá um brêu,
parece que vai tchovê praquélas banda”.






Breve - Banheiro na linguagem escolar.
“Ontê la´no Grupo Escolar, quase que mijei nas  calça! 
Pus a Professora num quis detchá eu í na breve.”








Brilhantina Royal - Brilhantina (cosmético) muito usada pelas pessoas, antigamente para fixar o penteado
“As raparigas do Palácio das Águia, gosta de usá brilhantina Roiá...  no cabelo.
- Já tava pensano que era nôtro lugá, né?






Brincadeira - Bailes que eram realizados em casas de famílias.
“Domingo , fomo numa brinacadêra, lá no Bom Sucesso na casa de Shô Lulu,
 Saiu só porrada,a brincadêra acabô na hora".




Briquitano - Lidando com algo.
“Seo Leôncio, vive briquitano  com o cracaché dêle.
O carro só vive desconsertado”







 
Brotchô - Negou fogo na hora do ato sexual.
“A lua de mel de Leonel  foi um fiasco.
Disque ele brotchô na hora H.”


Bufunfa - Dinheiro em grande quantidade.
“Bití, foi recebe dinhêro na Prefeitura,
Saiu de lá tcheio da bufunfa”


 
Bulitcho - Armazém pequeno.
“Vaanda!
 Vai lá no bulitcho de Seo Malaquias.
Vai tchamá seo pai que tá lá jogano truco.
Fala prô disgramado vim almoçá!”




C



Cabeça de vento -  Pessoa sem responsabilidades,
“Num manda Jonzito compra as coisa com dinhêro graúdo.
Ele é cabeça de vento, vai perde tudo.”







Cabelo especado – Cabelo liso e arrepiado em forma de flechas.
“Aquele Guri até parece que é fio de Japonês.
Pus o cabelo dele é especado”







Caçano Caiaia - Fazendo arte ou algo muito perigoso.
 “Si miníno desce dessa árvore!
 Ocê tá caçano caiaia, fea da mãe”?







 
Cacarecos - Coisas sem utilidades.
“Seo Jon Rondon, tchegô do sítio com um monte de cacarecos”





Cacetada - Quando acontece algum desastre, quando dois veículos sofrem uma colisão ou quando alguém bate em outro com um porrete.
 “Chia lá!
 Aquele carro deu uma cacetada no poste”.




Cacraché – Carro (ou algo) muito velho.
“Lá vem Nevio Lotufo, cô cracatché dele”








Catchiri - Pequeno punhal, arma branca.
“Fernadinho tá caçano caiaia.
Ele disque tá andano aramado cum catchirí.
Logo, logo os meganha pánha ele”






Catchorra corrida - Cadela que se encontra no cio.
“Nicalo, átcho que chá catchórra tá no corrida!
Óia o bocó dela como tá intchado”






Catchorrada - Doce feito com leite coalhado e acúcar, apura-se até dar o “ponto”.
“Seo Ubirajara me deu uns litro de leite cortado.
Vô leva pr mamãe fazê catchorrada dele”







Caçoá - Fazer pouco de uma pessoa ou de algo que tenha acontecido.
“Esses povo de fora  vive caçoano do jeito da gente falá.
E como a gente num caçoa deles falá , tudo com tchi,tchi.”





 
Cacunda – Costas.
“Passano lá perto da Campo D’ourique, levei uma bolada na cacunda.
Sabe quem que tchutô?
Foi Almiro, irmão de Pelezinho”



 


Cafuçú - Feio, horrível.
“Marilena tá de namorado novo.
Votê! O Home é um cafuçú!”






Caiá - Pintar a casa com cal.
“Na véspera do Natal, eu vô caiá o oitão lá de casa.”







Caiau de pedra - Pedra de um tamanho aproximado de uma laranja,
 utilizado para se jogar em animais, ou derrubar frutos das árvores.
“Ía passano imbatcho da manguêra de Seo Jonjon.
Caiu um baita caiau de pedra na meã cabeça.
Foi só melado que escorreu!”








Caínha - Pessoa “mão fechada” que sempre nega alguma coisa.
“Num adianta nem pidí prênda de Son Jon prá chô Otávio Santana.
Pus ele é muito cainha.”








Cadalço - O mesmo que cadarço de sapato.
“ Dia de meu aniversário!
Vô ganhá um calçado novo, tomara que seja de cadalço”










Caldo de mocotóCaldo feito com os “pés do boi”.

 Modo de fazer - Ferventa-se os mocotós e depois joga-se fora a água da primeira fervura para tirar o mau cheiro (catinga). Em seguida em panela de pressão cozinha-se por umas três horas.
Até os mocotós amolecerem (as cartilagens), pica-se bem, volta para a panela e acrescentam os temperos, cebola, cebolinha, alho, colorau, salsa, louro e outros.
Serve-se bem quente acompanhado de uma boa pimenta malagueta, em dais frios ou após uma noitada de farra.

Caldo de piranha -. Parecido com o caldo de mocotó, só que ao invés de “pés de boi” usa-se o peixe de mesmo nome.






Cambada - Fieira de peixe ou agrupamento de pessoas.
“Essa cambada de gente, vem da onde?” ou

“Shô Paínha, quanto que custa esta cambada de bagre?
Óia, faz um preço bom, pus tô inté cô água na boca prá comê um inssopado cô pirão”









Camboatá - Espécie de peixe pequeno usado como ísca para peixes maiores. Este peixe tem uma particularidade muito interessante.
                   Quando a lagoa em que ele se encontra seca, o mesmo se envolve 
num limo e enterra-se no fundo da lagoa, permanecendo ali durante o período  de seca          ( fenômeno conhecido como estivação).
Voltando a época das águas, o camboatá se desenterra e volta a sua vida normal. Outra curiosidade, é que o camboatá migra de um lago para um rio, ou vice-versa. Para isso o camboatá utiliza suas nadadeiras peitorais e sai “andando” de um local para outro.




Campo D’ourique - Largo onde se localiza o Centro Geodésico da América do Sul,
 lá antigamente realizavam -se touradas e armavam-se circos, parques, jogávamos bola. Hoje, lá se localiza o prédio da Assembléia Legislativa do Estado.









Campo de demonstração – Local onde se realiza a 
Feira de Exposições Agropecuárias e Industriais  da cidade.
Antigamente o campo de demonstração, ficava bem ali depois da ponte velha, após o Saudoso Clube Náutico.
Onde funciona hoje o Ministério da Agricultura.








Camuz - Pessoa mascarada em época de carnaval, este adjetivo é 
usado na localidade de Bom Sucesso.
“Chia lá!
Binho, e as criançada corrêno de mêdo dos camuz”











Candiêro - Espécie de lamparina em que se utiliza algodão como pavio, e como combustível ao invés do querosene, utiliza-se óleo de lambari ou outro tipo qualquer.











Cangote -Pescoço, região da nuca.
“Juca , põe esse guri no cangote.
Ele já cansado de andá”












Canhambéque Automóvel muito antigo ou um carro e péssimo estado
 de conservação.
“Seo Martinho de Dona Luiza, só tem canhambéque, na porta da casa dele”









Canhambóra Figura lendária do nosso folclore que
 encarna uma entidade de gênio muito ruim, malvada.












Canháno - Negando alguma coisa.
“Chia ai ela!
Disque tá canháno bêjo prá mim”










ESTÓRIAS E CRENDICES



 
"Para o cachorro ficar bravo": é costume colocar bastante pimenta malagueta na comida dele, o bicho fica uma fera.


"Outra crença para parar a chuva": é pendurar um sapato num armador de rede. Então 
a chuva pára num estantinho.



"Quando na pescaria a linha de pesca se embaraça": para fazê-la desembaraçar,é só concentrar - se  numa pessoa mitchiriquêra. Você conseguirá desembaraçar a linha logo-logo.


"Se em sua casa encontra-se uma visita desagradável": para fazê-la ir embora logo,
é só varrer a casa na presença da visita ou colocar a vassoura atrás da porta.




 "Quando um cisco entra nos olhos de alguém": pega-se nos cílios dessa pessoa e vai fazendo movimentos circulares com as mãos e dizendo: "Santa Luzia, passou por aqui, num cavalinho, comendo capim"; repete-se três vezes que o cisco sai num estantinho.


"Para fazer parar de chover": é costume fazer três “olhos de sol” no chão. Coloca-se o calcanhar no solo e com a ponta do dedão enterrada no chão, vai girando o pé até formar um círculo, que é o “olho de sol”, fazem-se três círculos desses, e faz o pedido para a chuva parar.
É tiro e queda.
"Se uma moça menstruada": pular o caminho de gosma feito por uma lesma, a moça ficará grávida, mesmo sem nunca ter mantido relações sexuais.




"Para aprender a nadar": é só engolir três piquiras (pequeno peixe), e depois cair n’água e sair nadando.





"SIMPATIAS E CRENDICES"


    "Quando uma criança está nanica, que não cresce": Encosta - se a  criança em uma bananeira, risca   a bananeira com uma  faca virgem acima da cabeça da criança; essa é a altura atual dela. Depois de um ano volta lá, na mesma bananeira e mede a altura da
criança, irá ver que a criança cresceu no mínimo, um palmo.

  
"Para você saber com quem se vai casar": coloca-se água em um prato virgem de louça, e vai pingando vela, até formar uma letra. Essa e a letra da inicial do nome da pessoa pretendida.


" Prá você que quer casar": No dia da festa de Santo Antônio, pegue uma imagem virgem (que nunca foi exposta) do santo e num canto escondido da casa, coloque a mesma dentro de um copo de água de cabeça para baixo e faça o pedido com fervor. Ah não se esqueça de retirar a imagem do santo no outro dia. Com certeza nesse mesmo ano você se casará.


"Outra crença para saber com quem casar": numa festa de Santo Antônio é costume olhar para a água de um rio, tanque, depósito, bacia, etc. Você verá a imagem da pessoa amada refletida no espelho d’água.



   "Nas festas de São João na hora da “lavagem do Santo" : muitas pessoas têm medo de olhar-se na água, pois se a pessoa não enxergar sua imagem refletida no espelho  d’água, diz que num chega no outro ano, pois vai batê biela (morrer). OLHA ISSO É PURA CRENDICE...

Nenhum comentário:

Postar um comentário