" Nasci aqui em Cuiabá, nossa cidade verde, no bairro Caixa D’água Velha (foto) próximo ao
Colégio Coração de Jesus. Fiz meu primário em escolas públicas, passei pelo “exame
de admissão” e ingressei no São Gonçalo, o famoso “Colégio dos Padres”. Fui interno, como estudante, pois tinham os aprendizes que estavam lá para estudar e
aprender um ofício (alfaiate,
marceneiro, sapateiro e tipógrafo). Terminei o 1º ano do segundo grau lá, e
fui concluir meu segundo grau em Curitiba, PR. Terminei
me formando em biologia matéria que leciono desde o tempo do Colégio Eurico
Gaspar Dutra, o “Ginásio Brasil".
Naquele tempo, na “caixa d’água velha” eu batia bola no morro, fabricava meus próprios “carrinhos de pau” ,“ pandorgas”, “fundas”e dançava nas “brincadeiras” a noite inteira.
Naquele
tempo, quase não havia prédios e o meu pai , Seo Lezino da Costa Leite, fazia
os melhores presépios de Cuiabá que eram instalados lá no mundéu, na casa de
“Seo Zé Brasil”.Naquele tempo, na “caixa d’água velha” eu batia bola no morro, fabricava meus próprios “carrinhos de pau” ,“ pandorgas”, “fundas”e dançava nas “brincadeiras” a noite inteira.
Agora, depois de quatro décadas, Cuiabá é uma grande cidade, cheia de migrantes e de cuiabanos novos. As nossas ruas mudaram de nome. Tenho saudades do meu endereço: “Rua da Caixa D’água Velha nº
- Onde andará a alavanca de ouro? E o pé de garrafa? São apenas sombras na memória de alguns. Mas não são apenas nossas lendas, ruas e monumentos que estão se perdendo na imensidão do tempo. Perde - se também, dia - a - dia, nosso falar típico e único.
A realidade infame da globalização imprime, na nossa gente, outros costumes, outras palavras, outros valores.
Felizmente, resgato com o dicionário do “Cuiabanês - Pro cê num ficá vindido” - a nossa fala rica e variada , para que as gerações futuras possam entender , através deste “dialeto”quase morto, a vasta e rica cultura que construímos com sangue índio,português negro e espanhol . Construímos um falar próprio, meio cantado, e encantado como nosso jeito de viver.
"Enquanto houver a cuiabania, nossa cultura será eterna, e este é o nosso maior desígnio: mostrar a delícia de sermos cuiabanos mesmo".
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